Marcelo Rech
Vivemos em um mundo conturbado onde narrativas importam mais que a realidade. 2024, será um ano crucial para o futuro imediato do nosso planeta. Mais de 30 conflitos de média e alta intensidade e duas guerras em curso, tornam os cenários ainda mais sombrios.
Some-se ao contexto, a fragilidade e incompetência dos líderes ocidentais, começando pela potência principal, os EUA. Washington e seus aliados na Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), mostram-se cada vez mais perdidos ante uma ordem internacional em transformação.
Enquanto brada por democracia – inclusive com forte ingerência por meio de sua Embaixada, no Brasil – mundo afora, os EUA fletam com regimes asquerosos como são os de Cuba e Venezuela. Na Europa, os europeus saem às ruas para dizer aos seus líderes que já não lideram nada.
Enquanto isso, China e Rússia ampliam suas capacidades e suas influências em todas as regiões do planeta. Pequim e Moscou fazem apenas o que qualquer país com tais credenciais – tamanho, economia, forças armadas, armas nucleares – faria: ocupam um espaço cada vez maior deixado por aqueles que priorizam as bobagens do chamado “politicamente correto”.
Como resultado, a iminência de mais conflitos.
Um exemplo vem do sub da OTAN, Jens Stoltenberg, batendo continência para os senhores da guerra no Pentágono, que afirmou, no sábado, 10, que “se Putin ganha na Ucrânia, não há garantia de que a agressão russa não se estenda a outros países”. A ideia é simples: sustentar a guerra no Leste Europeu dentro das fronteiras ucranianas, pois muita gente está enriquecendo com ela.
Antes, em 19 de janeiro, o chefe do Comitê Militar da OTAN, almirante Rob Bauer, já havia advertido o Ocidente para a emergência de uma guerra com a Rússia. Para ele, a organização precisa de uma transformação bélica, focada no inesperado, em lugar do planejado. O ministro de Defesa da Alemanha, Boris Pistorius, foi mais claro: o inimigo europeu é a Rússia.
Na antessala da guerra, está o Steadfast Defender 2024, exercício militar da OTAN que já começou e vai até maio. Cerca de 90 mil soldados estão mobilizados. Para os militares europeus, o bloqueio para o envio de mais dinheiro para a Ucrânia, por parte dos EUA e da União Europeia, fará com que a guerra se alastre para os vizinhos da Rússia. Afora as questões estratégicas, é fato que o prolongamento da guerra no coração da Europa, interessa e muito, para muita gente. Sua ampliação para os vizinhos imediatos de Moscou, também. O discurso da OTAN está em sintonia com esse propósito.