Brasil aguarda garantias para financiar exportações à Argentina

por | ago 30, 2023 | 15h

Nesta segunda-feira, 28, os governos do Brasil e da Argentina, avançaram nas negociações para a concessão de US$ 600 milhões em financiamento às exportações brasileiras para a Argentina. Neste momento, o Brasil aguarda pelas garantias por parte do Banco de Desenvolvimento da América Latina e Caribe (CAF), que deve concluir a análise apenas em setembro.

A medida tem sido vista como interferência do Brasil no processo eleitoral argentino. Em outubro, o país vizinho realiza eleições presidenciais e nas primárias realizadas em 14 de agosto, Javier Milei, de direita, saiu na frente, enquanto Sérgio Massa, atual ministro da Economia, ficou em terceiro.

Massa esteve em Brasília onde se reuniu com o ministro da Economia, Fernando Haddad, e o presidente Lula. O Banco do Brasil e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), também participarão da operação.

“A equipe da Fazenda tinha estruturado uma operação menor do que US$ 600 milhões, algo em torno de US$ 140 milhões, que tinha como fundamento a garantia em yuans de exportações brasileiras. Quando a Argentina dispõe de reserva em yuan para garantir exportação brasileira, oficialmente as reservas da Argentina diminuem. A Argentina, com apoio do CAF, não precisa abrir mão dessas reservas para garantir as exportações”, explicou Fernando Haddad.

A Argentina enfrenta uma grave crise econômica com uma inflação em 12 meses, de 115,6%, e muitas dificuldades para comprar produtos fabricados no Brasil, especialmente do setor de peças automotivas, que são utilizados como insumos para a fabricação de veículos destinados à exportação.

Haddad já havia sugerido, durante a Cúpula do BRICS, realizada na última semana na África do Sul, que a Argentina pagasse as importações em yuan, moeda da China, que depois seria convertida em real numa operação feita pelo Banco do Brasil no mercado de câmbio de Londres. De acordo com o ministro brasileiro, “o Banco do Brasil vai garantir as exportações das empresas brasileiras, e a CAF vai entrar com uma contragarantia para o Banco do Brasil. Existe a possibilidade, inclusive, da gente nem precisar acionar o fundo garantidor das exportações brasileiras, que é do Tesouro Nacional, junto à Proex [Programa de Financiamento e Garantia às Exportações]”, concluiu.